A terapia de Constelação Familiar busca organizar os relacionamentos de uma pessoa para quebrar suas travas emocionais e promover uma vida com mais liberdade. Para isso, existe um conjunto de ordens que precisam estar em equilíbrio, fazendo a energia dessas relações fluir na direção correta e criando bem-estar para todos os membros do sistema familiar.
São as Ordens do Amor, que Bert Hellinger - o pai da Constelação Familiar - descreveu em seu trabalho. Elas atuam como pilares, que sustentam um relacionamento saudável entre duas ou mais pessoas. Quando uma das ordens não é respeitada, as outras duas acumulam pressão e também podem se quebrar, destruindo o sistema.
Entender e honrar as Ordens do Amor, nesse sentido, é o princípio básico para que o sistema familiar cumpra seu objetivo: promover o crescimento e a felicidade entre todos os participantes.
Temos três Ordens do Amor que mantêm o equilíbrio de qualquer relação positiva. Tenha em mente que elas não são imposições feitas por Hellinger ou outros praticantes da Constelação Familiar, mas elementos encontrados por eles nas famílias saudáveis.
A Ordem do Pertencimento nos ensina que todos têm direito a pertencer a um sistema familiar, e a exclusão pode trazer desequilíbrio ao grupo.
Deste modo, para Bert Hellinger, não importa o quanto um dos membros do sistema familiar tenha tido uma atitude indesejável pelo grupo, não pode haver exclusão ou afastamento desse membro, sob pena de que os restantes comecem a agir como aquele que foi excluído, além de que o sistema começa a forçar energeticamente o retorno daquela pessoa.
Acontece igualmente quando alguém é simplesmente esquecido, como uma criança que tenha morrido ao nascer. A alma - mesmo dos que são lembrados - não suporta que alguém seja considerado maior ou menor, melhor ou pior.
“O direito básico de pertencimento não é uma exigência imposta de fora. No fundo de nossa alma nós nos comportamos como se tratasse de uma ordem preestabelecida, independentemente de nossa compreensão e justificativa”. Bert Hellinger.
A ordem do equilíbrio tem a ver com o dar e o receber (afeto, carinho, condições materiais) entre os membros do sistema. Uma relação em que há desequilíbrio não tem como dar certo, porque cria ressentimento em quem dá mais do que o necessário, e imaturidade em quem recebe.
A proporção entre o dar e o receber nem sempre é de 1 para 1, e pode variar dependendo do sistema. Entre pais e filhos, é natural que os pais deem mais e os filhos recebam mais, pois isso segue a direção da natureza, onde cada geração dá vida à seguinte e se torna responsável por ela.
No relacionamento amoroso, como não existe a hierarquia, o equilíbrio é direto. Quando ele não ocorre, há grandes chances de nascer um relacionamento abusivo com brigas, abandono ou traição.
Para essa Ordem do Amor, estar bem resolvido com sua família original - pais e irmãos - é fundamental para garantir boas relações no amor, pois o desequilíbrio de um sistema pode ser levado para outro. Somente ao honrarmos os nossos pais, estaremos plenos para buscar parceiros afetivos que também estejam prontos.
“Em uma relação de casal, portanto, é preciso haver equivalência entre homem e mulher e equilíbrio na troca entre o dar e o receber. A união bem sucedida exige o sacrifício e a substituição de nossos antigos vínculos [...] os do menino com a mãe, os da menina com o pai”. Bert Hellinger.
A ordem da hierarquia é estabelecida pelo tempo de chegada no sistema.
A relação de casal tem precedência sobre a relação com os filhos, e cada filho precede os demais. Isso significa que dentro da família existem papéis e sensos de autoridade que devem ser respeitados. A quebra dessa Ordem do Amor pode gerar conflitos, sentimento de abandono e levar à busca por satisfação em outros caminhos, como relações problemáticas e vícios.
É importante mencionar que entre a família original e a família gerada por um casal, a precedência é do novo sistema. O casamento tem prioridade, afinal nos dedicamos mais ao cônjuge e aos filhos do que aos nossos pais, e da mesma forma, um segundo casamento precede o primeiro.
As relações anteriores não serão abandonadas, mas ocupam menos espaço no sistema dessa pessoa, e jamais podemos permitir que os pais ou os relacionamentos passados definam o sistema de um casal.
Quando não respeitamos as Ordens do Amor, surgem todas as questões que levam à busca pela Constelação Familiar. O profissional que atua com essa técnica entende que o desequilíbrio familiar está por trás de casamentos infelizes, dificuldades no trabalho e nas finanças, e até mesmo problemas de saúde.
Veja alguns dilemas comuns que podem ser solucionados por meio da Constelação Familiar, ao entender quais Ordens do Amor estão sendo desonradas e retomar o equilíbrio do sistema.
O pai, para Bert Hellinger, significa uma passagem de liberdade para o mundo. Por meio dele, temos um convite em que novas possibilidades nos são mostradas e tocadas por nossa vontade. Enquanto a mãe nos alimenta e protege, o pai se encarrega de treinar para a convivência com a realidade externa.
O primeiro ensinamento a partir da Constelação Familiar é não julgar. “Os seus pais te deram a vida, é o maior presente de todos. Os problemas surgem quando você começa a julgar o que fizeram ou deixaram de fazer”.
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Ao olharmos para um relacionamento amoroso, precisamos entender que cada indivíduo carrega uma herança pessoal. Eles cresceram em um ambiente onde o amor tem uma linguagem e emissão própria; se não por meio de palavras, por ações.
A sua família de origem, e a família de origem da pessoa com quem você se relaciona, ensinaram a vocês o que é certo e errado dentro do amor. Talvez uma delas tenha enfrentado problemas que afetaram a percepção de alguém no casal, e mesmo quando as duas pessoas tiveram uma criação saudável, elas podem ter desafios para se comunicar da forma adequada.
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Muitas pessoas vivem a dependência emocional por não conseguir fechar ciclos. Há uma grande chance de que as Ordens do Amor em sua família de origem estejam sem equilíbrio, e elas busquem uma compensação através do apego a relacionamentos mal sucedidos.
O fechamento de ciclos faz parte do processo de recebimento do novo. Quando não fechamos ciclos, eles continuam a interferir na realidade que vivemos hoje, então precisamos entender que o passado pertence aos nossos processos de vida, aprendizado e crescimento, mas não determina o presente.
Quando fechamos o ciclo, ele vai perdendo força e deixa de interferir no momento atual. Essa atitude nos coloca em contato com o fluxo da vida e permite que algo novo chegue até nós.
Quando crianças, recebemos tudo de nossos pais: atenção, carinho, cuidados, comida, direcionamentos, limites. Eles nos dão a oportunidade da vida e asseguram nossas necessidades no nosso primeiro momento de desenvolvimento, quando não podemos fazer isto por nós.
Temos que abrir mão dessa segurança que os pais dão para passar a ser o sustentador de nossa própria vida. Porém, esse movimento traz medo e insegurança, fazendo com que muitos travem seu desenvolvimento pessoal. Com o amadurecimento há conquistas, descobertas, ganho de força e liberdade. A partir daí pode-se adotar uma postura adulta diante dos desafios da vida e tomar as próprias decisões.
O dinheiro é o instrumento que favorece a troca de abundância entre as pessoas. A conexão com a força e energia vinda do masculino do pai e com a força e energia vinda do feminino da mãe permite que olhemos para as relações financeiras com equilíbrio entre ofertar e receber. Segundo Hellinger, a dificuldade financeira de algumas pessoas pode estar relacionada ao seu relacionamento com o provedor da família original.
Além de identificar as Ordens do Amor, Hellinger também percebeu as Ordens da Ajuda. São direcionamentos para ajudar outra pessoa, entendendo que não temos conhecimento do todo sobre a vida dela: o que sabemos e percebemos é apenas uma parte e pode estar muito influenciado pelos nossos julgamentos e medos, e o todo é sempre muito maior.
Só dou aquilo que eu tenho e tomo apenas o que necessito. Dar algo que não possuo ou exigir do outro algo que ele não tem para oferecer pode causar uma desordem na relação.
Só ajudo a quem me permite. Se molde às circunstâncias e só intervenha na medida em que elas permitem. É importante compreender quando é a hora de agir ou de se retirar e aceitar com humildade e sabedoria que a vida possui seus próprios desígnios. Ir contra isso é uma grande perda de tempo.
Coloque-se como adulto diante de outro adulto. Eu ajudo de igual para igual. Ajudo do meu lugar e reconheço o outro no lugar dele. Isso evita nos colocarmos no lugar que não é nosso, como por exemplo, o lugar dos pais de outra pessoa, gerando assim uma desordem na relação.
Ao ajudar, reconheço o outro como parte de algo maior. Lembre-se de se colocar sempre como a menor parte do sistema. Por trás do ajudado existe sempre um exército de antepassados, existem relações entre todos aqueles que estão ao seu redor, e existe um contexto.
Amor à pessoa como ela é na sua essência, ainda que seja diferente de mim, sem reservas; buscar compreender e aceitar os desígnios da sua vida, o seu destino e os seus objetivos!
Se você entendeu como as Ordens do Amor são importantes para alcançar o equilíbrio na sua vida, ou ajudar outras pessoas nessa direção, eu quero te fazer um convite para a formação em Constelação Familiar. Ela está incluída na plataforma do Movimento Transformacional, onde temos diversos treinamentos para terapeutas e pessoas que desejam transformar a própria vida.