depressão pós parto masculina

Depressão pós parto masculina: Dúvidas e Mitos explicados

Essa é uma realidade que também afeta os homens, mas a depressão pós parto masculina ainda é pouco falada, estudada e diagnosticada.

Quando falamos de depressão pós parto rapidamente vem à nossa mente uma mulher. Sim, as mudanças hormonais favorecem muito uma desordem no sistema nervoso central, que pode facilitar o aparecimento de um transtorno pós parto em mulheres. Entretanto, essa é uma realidade que também afeta os homens, mas a depressão pós parto masculina ainda é pouco falada, estudada e diagnosticada.

O que é a depressão pós parto masculina?

Assim como a depressão pós-parto feminina, ela é caracterizada principalmente por mudanças físicas e emocionais após o nascimento do bebê.

Esse transtorno psicológico pode afetar seriamente o vínculo genitor/filho e em casos mais graves impedir até que haja um uma ligação afetiva entre eles; por isso, sempre que reconhecer sinais, procure um profissional. 

Enquanto as mulheres sofrem com as pressões e as transformações hormonais geradas pela gravidez, a depressão pós parto masculina tem fatores mais psicológicos do que físicos. A ideia de ser responsável por uma nova vida, abrangendo aspectos afetivos, educacionais e financeiros, é um grande impacto na vida de qualquer pessoa, e pode despertar o transtorno mesmo em homens saudáveis.

Vale apontar, entretanto, que homens com algum fator de risco para a depressão, ou que já vivenciaram o transtorno em outro momento de suas vidas, podem ter mais chances de apresentar a depressão pós parto masculina.

Sintomas da depressão pós parto masculina

Os sinais da depressão pós parto masculina consistem em sintomas depressivos comuns, como tristeza, culpa, pessimismo e dificuldade em tomar decisões, entre outras mudanças no humor e na personalidade que podem ocorrer dias após o nascimento do filho.

Nos homens, sintomas como raiva e irritabilidade também podem ser notados, diferentemente das mulheres, que é mais comum sentimentos de tristeza e medo. Esse padrão também é visto em depressão “comum”, sem ligação com o nascimento de um filho, e pode ser causado por fatores genéticos ou culturais.

Confira mais alguns sintomas para se guiar e esclarecer as suas dúvidas. Cada pessoa sabe o que está se passando na própria mente, mas lembre-se de que o diagnóstico seguido por um tratamento profissional é sempre a melhor opção para lidar com transtornos emocionais e psicológicos.

Os sinais da depressão pós parto masculina são:

  • Evita a criança, pois não se acha capaz de cuidar dela bem o suficiente;
  • Não consegue tomar decisões, sejam em relação ao recém nascido ou à sua vida pessoal;
  • Tristeza repentina, como vontade de chorar sem motivos que justifiquem a melancolia; 
  • Passa a comer demais ou comer pouco, causando um aumento ou perda de peso extremamente rápido;
  • Surtos de raiva repentinos, muito semelhantes à bipolaridade; 
  • Não se abre afetivamente para o bebê, pode cuidar dele mas mantém uma “frieza” emocional;
  • Aumento de brigas conjugais e até alguns casos de violência;
  • Pensamentos de fazer mal a si ou à criança;
  • Dificuldade em fazer tarefas cotidianas, como trabalhar ou estudar.

Causas da depressão pós parto masculina

Assim como acontece com as mães, os pais com antecedentes depressivos estão mais sujeitos a adquirir uma depressão pós parto. Ademais, o estresse, mudança de rotina, diminuição das horas de sono e maior responsabilidade podem dar origem à depressão.

Dificuldade em falar agrava o problema

Junto à chegada de uma criança, ocorrem diversas mudanças na vida pessoal e familiar. Após o nascimento, é normal que toda atenção e cuidados da família (avós, irmãos, tios) se voltem para o bebê e a mãe, e o pai é deixado de lado, sem espaço para falar sobre suas dificuldades e até mesmo com ele próprio ignorando seus sentimentos.

Existem vários fatores contribuindo para isso. Um deles é a noção de força alimentada por muitos homens, como se fossem capazes de aguentar qualquer coisa. Outro elemento de impacto é a ideia de que ter um filho automaticamente traz felicidade - é raro ver um familiar ou amigo perguntando se o homem está preparado para ser pai, quais as suas preocupações ou que tipo de ajuda precisa.

Em entrevista à BBC, o professor de psicologia Viren Swami, que mora em Cambridge, no Reino Unido, revela que passou por momentos de bastante dificuldade ao vivenciar uma depressão pós parto masculina para a qual sua família não deu muita credibilidade.

Durante a entrevista, Viren chegou a admitir que desejou não existir, teve pensamentos suicidas e evitava contato afetivo com o filho.

Ele também afirma que em momento algum foi questionado se estava bem, e acredita que isso tem muita ligação com a ideia de que a depressão pós parto seja um transtorno somente para as mulheres - nos olhares de alguns, ele era apenas um pai “pouco presente”.

Houve um longo período, não sei exatamente quanto tempo, que me parecia que toda vez que eu o pegava, ele começava a chorar. E a partir daí, eu evitava passar um tempo com ele. Eu não entendia o que estava acontecendo e provavelmente não acreditava que pudesse ter depressão pós-natal. Eu acreditava naqueles mitos de que isso afetava apenas as mães", contou.

Hoje ele vive bem, e busca recuperar o tempo perdido com o filho, além de seguir um acompanhamento profissional para lidar com suas questões internas.

Tratamento

O tratamento é o mesmo tanto para homens quanto para mulheres. A psicoterapia é a solução básica, e consegue apaziguar a situação na maioria dos casos. Se for preciso, o uso de medicação também pode contribuir em cenários mais graves.

Além do tratamento “formal”, é muito importante que o homem possa ter espaços onde possa deixar a pressão de lado por um momento e falar sobre o assunto. Amigos e familiares que cumpram esse papel ajudam muito, tanto na depressão pós parto masculina quanto no caso das mães.

Conclusão

É preciso que nos conscientizemos para a saúde mental dos homens, como um todo. Não existe sexo frágil ou forte quando assunto é nossa saúde, afinal esses problemas podem afetar todos os gêneros, raças e idades.

É consenso a ideia de que homens demoram mais para pedir ajuda quando passam por qualquer adversidade - seja ligada à saúde mental ou física. Derrubar essa barreira é preciso, não apenas para manter sua saúde, como para entregar um ambiente adequado ao recém-nascido. Nesse sentido, não é exagero dizer que ao cuidar de si mesmo, o homem está cuidado de toda a sua família.

Artigo publicado em:
10/04/2022
foto romanni

Romanni Souza

Criador da Hipnose Transformacional, graduado em psicologia pelo Unipam, e pós graduado em neurociências pela PUCRS. Fundador do Instituto Romanni, com mais de 20 mil pessoas transformadas.

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