como superar o luto

Como superar o luto e se reencontrar após uma perda?

Se a perda é comum a todos nós, porque algumas pessoas lidam de modo razoável com ela, enquanto outras são completamente tomadas pela dor e não voltam a se erguer sozinhas?

O luto é um tema complexo, tanto para quem o vive quanto para quem está aprendendo a lidar com ele. Apesar de ser uma parte natural das nossas vidas, algo que todo ser humano vai enfrentar, nem sempre temos as ferramentas emocionais certas para a situação.

Na falta delas, o período de adaptação à perda vai se arrastar por meses, até mesmo anos, e originar desafios ainda maiores. Depressão, insônia, vícios e agressividade são algumas das muitas formas que nosso corpo e mente encontram para lidar com a dor, quando não sabem como superar o luto.

Os processos de luto são normais quando perdemos uma pessoa querida, e é difícil encontrar alguém que nunca tenha passado por isso. Entretanto, eles também possuem outras causas, como por exemplo:

  • O fim de um relacionamento marcante;
  • A perda de uma casa onde você sempre viveu;
  • A demissão do emprego que sustenta você e a sua família;
  • A notícia de uma doença grave em si mesmo.
  • A notícia de uma doença grave em um amigo ou familiar.

Em todas essas situações, a dinâmica do luto é a mesma. Algo que por muito tempo foi uma referência em nossa identidade, um ponto de segurança interno e externo, deixa de estar lá.

Entender e lidar com a perda é diferente para cada pessoa, mas sempre envolve emoções como descrença, raiva, tristeza e até mesmo culpa.

Sentimentos desse tipo, como já dissemos, são naturais; mas eles não podem se tornar uma prisão emocional que impede a vida de continuar. Assim começa o luto que não acaba, e que nós vamos entender melhor agora.

Porque algumas pessoas sabem como superar o luto, e outras não?

Se a perda é comum a todos nós, porque algumas pessoas lidam de modo razoável com ela, enquanto outras são completamente tomadas pela dor e não voltam a se erguer sozinhas?

Parte da diferença está em nossos valores.

Cada ser humano é movido por um conjunto de valores, crenças centrais que são como os pilares da nossa identidade. Há quem valorize a razão ou a emoção, o destino ou o planejamento, a novidade ou a estabilidade, e assim por diante.

Pessoas que tem a segurança e a estabilidade como valores muito fortes, por exemplo, tendem a sofrer mais com todos os tipos de perdas. Além da dor, elas podem viver o medo de que tudo piore ou a descrença na própria capacidade para lidar com a nova situação.

Alguém com valores de disciplina e autonomia, por outro lado, pode lidar de modo mais tranquilo com a perda de um emprego ou um adoecimento. Essa pessoa ainda sofre com o impacto, mas logo começa a se planejar para dar conta do novo cenário.

Outro ponto importante, é claro, está em nossa relação com o que foi perdido. Nem todas as pessoas tem a mesma relação com a família, por exemplo, e isso afeta a maneira como elas vão reagir ao saber que perderam alguém.

Superar o luto mais rápido, no entanto, não significa ter uma relação mais frágil com quem ou o que perdemos. Nesse sentido, duas pessoas que amam e respeitam o pai ou a mãe da mesma forma podem ter experiências de luto muito diferentes, graças a seus valores e sua percepção de mundo.

Essa percepção é o terceiro fator que deve ser levado em conta. Basta ver como algumas pessoas podem entrar num processo de luto por situações que para outras são banais, como ir mal num teste, levar um fora ou ser rejeitado numa entrevista de emprego.

Considerando todas essas informações, podemos dizer que a força do luto não tem a ver com o tamanho da perda, mas com a pessoa que está vivendo a situação. Com isso em mente, também podemos começar a pensar em como superar o luto e ajudar outras pessoas nessa direção.

Não apresse o que outra pessoa está vivendo

Entender como superar o luto não significa esperar que você e as outras pessoas estejam bem logo após uma grande perda emocional. Eu já vi perguntas sobre como ajudar quem perdeu um familiar, por exemplo, e está triste “há quase uma semana”.

Esse é o tempo natural do luto, que vimos lá no início. O problema não acontece quando a tristeza, raiva ou qualquer outro sentimento existe, mas quando eles passam a guiar nossa vida.

Há casos onde o luto se arrasta e quem passa por ele, durante meses ou anos, não consegue voltar a trabalhar, estudar e se relacionar com outras pessoas. São estes os casos onde podemos intervir - com muito cuidado - e mostrar como superar o luto.

Para entender melhor o processo, que tal conhecer as fases do luto?

As 5 fases do luto

Em 1969 a psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross registrou seu trabalho sobre o luto e a perda no livro Sobre a Morte e o Morrer. Durante anos, ela acompanhou pacientes terminais para entender como eles, suas famílias e os cuidadores médicos lidavam com os últimos momentos de vida, e como reagiam ao fim.

Foi ela quem descreveu as 5 fases existentes ao atravessar e superar o luto, da forma como ainda conhecemos hoje: Negação, Raiva, Negociação, Depressão e Aceitação.

É importante entender as fases como partes de um processo, sem pensar nelas como boas ou ruins. Não existe um tempo certo ou errado para superar o luto, e os números que você vai ver são apenas uma referência.

Emoções como tristeza ou saudade podem ir e vir, até mesmo por toda a vida, mas existem formas saudáveis de lidar com elas e honrar quem se foi, enquanto aprendemos uma nova maneira de fazer a vida continuar.

Negação

A reação primária a uma grande perda, quase instintiva, é a de negação. Não acreditamos naquilo, pensamos que é uma brincadeira de mal gosto, um erro terrível, uma falha no próprio tecido da realidade.

Isso não pode estar acontecendo. Não comigo. Não nesse momento. O tempo passa, e essa mesma realidade vai se repetindo, até entendermos que ela não vai mudar.

Raiva

Raiva de si mesmo, da outra pessoa, do mundo.

A raiva surge quando entendemos a realidade, mas não a aceitamos. Nasce um desejo por justiça, talvez até por vingança. Algo indispensável foi tirado de nós, e alguém precisa pagar por isso.

Barganha

Quando percebemos que a raiva e a agressividade não funcionam para recuperar a perda, começamos a buscar meios de negociar com o mundo.

Fazemos promessas e sacrifícios, pensando em tudo que podemos abrir mão se a doença for embora, se eu conseguir um novo emprego, se a outra pessoa voltar, se Deus interferir de alguma maneira...

Até aqui, a mente ainda não está pensando em como superar o luto - ela quer superar a própria perda, negando, lutando ou negociando a realidade que está bem na nossa frente.

Depressão

Ao perceber que nenhum desses caminhos pode mudar o resultado, tem início uma sensação de incapacidade e apatia. É o estágio depressivo, que costuma ser o mais longo e levar as pessoas a buscar ajuda ou informações sobre como superar o luto.

Podemos entender esse momento como uma aceitação pela metade. Nossa mente já entendeu que as coisas nunca poderão voltar a ser como desejamos, mas a reação dela é se fechar para o mundo que existe agora, e ao invés de encontrar a paz, ela continua reencontrando a dor.

Aceitação

A última etapa é o entendimento de que não há como superar o luto sem a aceitação completa da sua perda. Isso não significa esquecer quem perdemos, mas honrar a memória dessa pessoa estando bem em nossa vida.

A ideia é pensar em como a outra pessoa gostaria que você vivesse - bem, feliz, com saúde - e cultivar isso. É encontrar a si mesmo na jornada, que pode não ter mais aquela ótima companhia, mas sempre continua.

A aceitação por inteiro só acontece quando a mente entende a perda, mas se abre para um novo mundo, sem deixar que a saudade se torne um limite para conhecê-lo.

Perceba que ela não é algo fácil, é o resultado de um longo processo com etapas diversas, pontos altos e baixos, dores e aprendizados.

Como superar o luto com a Técnica da Cadeira Vazia

Se você precisa de uma ferramenta prática para sua própria vida, ou para mostrar a outras pessoas como superar o luto, sempre pode contar com a técnica da cadeira vazia. Com ela, vamos ajudar quem passa pelo luto a estabelecer uma conexão positiva com a memória da pessoa que partiu.

Primeiro, a pessoa em luto deve se sentar de frente para uma cadeira vazia. Em seguida, ela vai imaginar que o ente querido está ali sentado para conversar tudo que os dois gostariam, mas não tiveram chance.

Se estamos no estágio da raiva, por exemplo, podemos expor isso a quem está na cadeira, colocando tudo para fora (rancor, mágoa, frustração), e nos preparando para iniciar um diálogo mais calmo.

A ideia é realmente expressar tudo que você guarda na sua mente. Caso não saiba muito bem qual fase do luto está vivendo, você pode falar sobre todos os seus sentimentos atuais, e usar esse momento para organizá-los.

Você também tem a oportunidade de agradecer pelos ensinamentos, lembrar-se dos momentos importantes e guardá-los no coração para, por fim, abraçar a memória do ente querido e permitir que ela se vá.

Ao encerrar a técnica, podemos fazer algumas reflexões: O que aprendi com essa experiência? O que desejo para minha vida agora? O que a pessoa querida deseja? Que ação vou realizar hoje para honrar esse desejo?

Essa é uma prática de grande impacto para organizar e amadurecer as emoções trazidas pelo luto, ressignificando a perda e dando a ela o sentido de um novo começo, onde podemos ficar tristes ou furiosos, mas não deixaremos que isso nos impeça de levar algo bom para o mundo!

Esse conteúdo foi adaptado a partir das lives que acontecem todas as quartas, às 14h, em nosso canal do Youtube. Nós já discutimos temas como luto, depressão, ansiedade, fim do relacionamento e várias outras questões da experiência humana. Você pode visitar, sugerir novos temas, fazer perguntas e encontrar mais pessoas que também cultivam o desejo por uma vida melhor.
Te espero lá: https://www.youtube.com/c/Romanni
Artigo publicado em:
16/09/2022
foto romanni

Romanni Souza

Criador da Hipnose Transformacional, graduado em psicologia pelo Unipam, e pós graduado em neurociências pela PUCRS. Fundador do Instituto Romanni, com mais de 20 mil pessoas transformadas.

Siga-nos nas redes sociais

icone atendente
Fale conosco
(34) 9639-2180
Siga o Instituto Romanni
SABER MAIS
Romanni SouzaTermos de UsoPolitica de Privacidade
© Copyright 2021. Todos os direitos reservados. | Instituto Romanni. CNPJ: 23.476.391/0001-10